A Falésia de Mim

Trago anos de vida e perco a vista de quantos tenho à frente do mar. O meu mar... de infinitas ondas de novidade, de um alcance que a vista não pode algum dia imaginar. Aqui estou, por mim presa a estes pés de areia que não me permitem avançar. Sentado, fitando o invisível, revejo vidas que já não posso partilhar, faces que os meus dedos não mais vão sentir, lábios que por mim não mais vão sorrir. Passo as mãos pelo cabelo ondulado ao vento e debruço o pesado corpo sobre as águas. Quero saltar, quero mergulhar neste mundo que todos os dias me convida, todos os dias me encontra e que todos os dias recuso. Quero flutuar na liberdade deste ondular... Sei que só poderei deixar de sonhar se cometer a derrocada do que vivi, se esvaziar quem sou e partir... É o silêncio das águas assim tão bom?

1 comentário:

Anónimo disse...
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