Dias

Há momentos da nossa vida que se tornam vagos e dispersos, fragmentados. Não estamos convictos do que fizemos, dissemos ou criámos. Por vezes, nem mesmo do que queríamos concretizar...
Há dias em que nada parece certo, em que tudo está ligeiramente fora do lugar, desfocado. Tornam-se sombras as acções que tomamos e meros suspiros as palavras que usámos. Ao fim de algum tempo, tudo se resume ao leve voar da fina areia ao sabor de uma brisa de Verão numa qualquer praia do Mundo, irrelevante, inconsequente.
Mas há dias em que os prédios e as ruas estão claras e iluminadas de cor, em que os passeios, os cafés e as árvores trazem vida ao nosso redor, em que as palavras fluem, os pensamentos discorrem e os sentimentos não se agarram a nada mais que as vozes mais berrantes e sonoras! Há dias em que as pessoas são palpáveis e suaves, em que possuem um brilho que se forma nas pontas dos lábios e se reflecte nos olhos de todos os que se cruzam consigo...
Nestes dias, o mar bate forte nas rochas da nossa praia e une de tal forma os grãos de areia que os passos que damos se não apagam por meras brisas. Estes dias, caminhei-os contigo e as ondas nunca mais chegaram tão longe.
Sinto muito a tua falta.