Baila um sorriso nos meus lábios

Baila um sorriso nos meus lábios, marca-me o rosto de efémera alegria e, enquanto ele baila, vagueiam os olhos por outros palcos, velas de moinhos enfunadas pela brisa da curta simpatia que gera um toque, um sinal, sinal de agradecimento, de consideração, se calhar, até, de algum gosto, o gosto de saber o sabor do outro... devaneio... mas o sorriso que veio, ficou, “efémero não sou!”-disse- e como que por tolice surgiu com o fato de cerimónia, a encher a sala e a contagiá-la com a música dos seus passos e a doçura dos seus braços que seguram a simpatia nesta noite de folia em que dança e corropia o sentimento da minha vida.
Baila um sorriso nos meus lábios, marca-me o rosto de perene alegria.

Soa um fôlego

Soa um fôlego, quase surdo rebate nas paredes do meu sentir.

Leve, sedoso, felicita-me pelo regressado calor morno de tanto tempo passado. Aquiesço com o sorriso de tanta certeza como a que se pode ter nos momentos em que os olhos brilham para além do que podemos alguma vez querer mostrar. Este brilho alimenta-me, constrói-me, fortalece-me. Sou mais com ele, sou melhor, estou melhor e mais propenso a ser quem posso e quem desejo.

Espera-me o vento, companhia nesta epopeia, bengala dos tempos fracos e desesperados, ansioso por encontrar a fronte pela frente e testemunhar o início de mais um trilho. Vamos, amigo! Tenho esperado por novas tuas! Procuro-te desde que nasci e sempre te vi menos perto do que ao longe! Está na hora de sermos quem somos e viver! Gosto do sorriso na tua face e nem as marcas do tempo conseguem desvanecer o brilho...

O primeiro passo, dou-o descalço no frio azul lusitano. Não me retraio. Conheço esta onda desde o berço. Não temos segredos e mais uma cara familiar se despede com saudade... Segura-me agora os braços e procura nos meus olhos a certeza das dúvidas que ainda tem.

Que tinha... nem uma palavra foi proferida. Sorrimos e abraçamo-nos com uma gargalhada de quem sabe.

E sabemos. Até.

Entre mãos

Seguro nas mãos o que nunca ninguém conseguiu guardar para si.

Sinto o seu calor a seguir suavemente os videntes traços da minha vida.

Inunda-me a pele e percorre-me o corpo em leve deleite. Fecho os olhos, acolho meus braços e o sorriso desvela-se.

Sinto-te o sopro nos meus cabelos segredando palavras de saudade e o perfume que me invade o peito solta a louca vontade de abrir meus braços para te ter aqui, comigo, bem perto, junto a mim...

Preciso de ti.

Quero segurar-te entre as mãos, quero acolher-te no meu peito. Preciso de sorrir contigo. Não mais serei dono de mim, não mais serei vazio.

Apenas serei contigo. Feliz.