Um simples olhar

Quero, um dia, olhar-te olhos nos olhos, rever-me no espelho da tua alma e procurar a minha fonte de vida reflectida no dançar das tuas lágrimas de felicidade... quero um sorriso nos meus lábios... o teu sorriso nos meus lábios...

O meu toque na tua pele... o ar quente que trocamos... o momento da expectativa em que fito, uma vez mais, o interior um do outro... desvias o olhar para o fino fio que recorta os meus lábios e partilhamos o guloso sabor da paixão que travámos, segurámos e aguentámos debaixo desse gigante silencioso que é o peso imensurável do tempo... os corpos verão o que os olhos não podem e dar-se-ão como o mar se dá à praia, ora violenta, ora docemente mas sempre deixando que um pouco de si se deixe emaranhar e absorver pelo outro, enrolando e envolvendo... sem vencedores nem melhores, sem vitórias nem prémios mas sem tréguas nem piedade... apenas dádiva... pelo meio, ressurgirá o sorriso novo, será um sorriso puro e verdadeiro, será um sorriso que desafiará o efémero e o superficial, será o levantar do véu de tudo o que amordaçámos, será um renascimento da alegria e da esperança, será um novo querer e um novo poder, será almejar a lua e conseguir o Sol... e quando as sensações se desvanecerem e jazermos de satisfação, enleados nos braços um do outro, as lágrimas correrão pelo puro prazer da felicidade, pela saudade e pelo reencontro com um amigo de sempre há tanto perdido e desaparecido... e perguntar-me-ei como foi possível que tudo tenha começado com um olhar... um simples olhar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este é o nosso preferido. Até o teu sobrinho ainda sem nome gostou! Beijinhos e continuação de grandes textos/poemas!