Decisão





Procuro um momento. Procuro uma certeza, a certeza que não depende de mim, aquela que só me pode ser oferecida. Procuro-a com uma sofreguidão que me tolhe a razão, que me aperta o coração e me faz dormir de olhos cravados no céu como se a resposta estivesse nos milhares de linhas com que ligo as estrelas para desenhar o teu rosto... com o teu cabelo deslizando até ao horizonte... o teu sorriso atravessando a estrela polar... Navego este sentimento inquieto contigo como guia mas continuas tão longe, todos os dias... nem sempre resisto e em fraqueza fecho os olhos. Viro a cara e afasto-me. Quero me partir, quero poder partir em busca de outra certeza, de outra terra, uma terra nova que me acolha e ao sentimento que tanto quero partilhar e viver...

E aí o momento dá-se. Abro os olhos e percebo que não posso partir, que não sabe bem caminhar sem o teu brilho a iluminar-me o caminho. Percebo que não quero deixar de marear esta rota que leva ao teu coração e à partilha do teu sorriso. Em verdade, nada se lhe compara e tudo o mais é menos do que o que desejo contigo.

E, nesse momento, surges a meu lado, ao alcance de um leve toque dos meus dedos, e o calor do teu corpo encanta-me os sentidos ao ponto de ter de respirar fundo, bem fundo para me assegurar de que sobrevivo a esta inundação de sensações... Decidi. Quero acostar a este alguém que és tu, algures no caminho das nossas alegrias.

1 comentário:

Alguém... Algures... disse...

"O amor é esse conflito permanente e completo: liberta e agarra, é doçura e amargura, refaz e desfaz, ressuscita e adormece, faz-nos sonhar e confronta-nos com a realidade pura e dura. Dá à luz, mas também tem o poder de nos matar.
No amor oscilamos entre tudo poder ser e nada poder ser, a impossibilidade de tudo. É este o amor, é esta a nossa vida.
Tu sabes, não sabes? Eu sei muito pouco, quase nada."

[Pedro Paixão, in Ladrão de Fogo]